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Bichectomia: quando a cirurgia plástica é uma necessidade

Bichectomia: quando a cirurgia plástica é uma necessidade

Por: - Cirurgião Plástico - CRM/SC 16966 | RQE 11481
Publicado em 28/03/2017 - Atualizado 07/02/2019

Quando uma cirurgia plástica para reduzir o tamanho das bochechas é realmente necessária? Ao meu ver, quando a paciente estiver descontente com a aparência do seu rosto. Claro que, como cirurgião plástico, preciso fazer uma análise aprofundada dos motivos da paciente e compreender quais são suas expectativas para recomendar a bichectomia como uma solução viável e realmente eficaz. Nenhum cirurgião plástico faz (ou deveria fazer) qualquer procedimento sem ponderar esses aspectos antes de submeter uma paciente à operação.

A bichectomia (lipectomia facial), conhecida, também, como cirurgia das bochechas, serve para retirar determinado volume de gordura daquele local. A face humana apresenta uma anatomia bem complexa. Dentre as suas múltiplas e delicadas estruturas, existem compartimentos de gordura que funcionam como protetores do organismo.

Um destes compartimentos se estende ao longo da superfície lateral do rosto, mais precisamente da têmpora até próximo à mandíbula, e, na região das bochechas, recebe o nome de Bola ou Bolsa de Bichat. A bichectomia é o nome dado à retirada cirúrgica de parte desse compartimento de gordura, principalmente quando há excesso dela, visando modificar e/ou afinar o contorno facial.

Como é realizada a cirurgia de bichectomia?

A bichectomia é um procedimento relativamente simples, realizado através de um pequeno corte na parte interna da boca. Para garantir a segurança da paciente, os cirurgiões plásticos realizam a operação em um centro cirúrgico. Geralmente, utilizam anestesia local e sedação, e o tempo de duração fica entre 40 minutos e uma hora.

Como o compartimento de gordura a ser alcançado encontra-se abaixo das estruturas nobres da região facial, o acesso através da pequena incisão na cavidade oral facilita a sua identificação e manipulação, minimizando os riscos. O corte não deixa cicatrizes perceptíveis e é suturado com dois ou três pontos absorvíveis, não havendo necessidade de retirá-los, posteriormente.

O pré-operatório da bichectomia envolve a realização de exames (glicemia, coagulograma e hemograma completo, avaliação cardiológica e, nos instantes que antecedem o procedimento, jejum de oito horas).

No pós-operatório, a recomendação é evitar consumir alimentos que possam ficar acumulados no local dos pontos, como farelos e grãos, por, pelo menos, dois dias. Em torno de seis meses após a operação, a recuperação é total.

Outras indicações de cuidados no pós-operatório são os seguintes:

  • evitar tomar banhos de sol nas primeiras quatro semanas ou enquanto existirem áreas roxas;
  • fazer compressas geladas nos primeiros três dias;
  • adotar uma alimentação líquida e pastosa nas primeiras 48 horas;
  • em caso de dor, não é recomendado fazer uso de qualquer analgésico.

A medicação pós-cirúrgica é prescrita exclusivamente pelo médico cirurgião e deve ser utilizada pela paciente conforme as orientações informadas. Ao notar qualquer sintoma incomum, a paciente deve comunicar imediatamente seu médico, para que o profissional possa intervir de acordo com o caso.

Para quem é indicada a bichectomia?

Antes de tudo, é necessário ficar claro que a bichectomia não é indicada para pacientes que tenham um rosto comprido, complicações sistêmicas, infecções, diabete descontrolada e hemofilia.

Salvo estes fatores, qualquer paciente que esteja com a saúde em dia e insatisfeita com o aspecto do seu rosto, por causa das bochechas, pode fazer a bichectomia. Além disso, existem outros fatores que podem influenciar na realização do procedimento:

  • insegurança com a aparência do rosto;
  • insatisfação com o volume das bochechas;
  • aspecto do rosto desarmonioso;
  • indefinição da linha da mandíbula e pescoço;
  • volume do rosto aumentado, mesmo com perda de peso;
  • interesse por uma face mais atraente.

O cirurgião plástico irá definir, através de um exame facial, qual o melhor procedimento para cada caso, que também pode variar de acordo com as necessidades estéticas reivindicadas pela paciente.

Isso ocorre porque, em determinados casos, mesmo após a remoção das Bolsas de Bichat, não se observam grandes alterações no volume das bochechas, como ocorre quando há hipertrofia do músculo masseter ou a Bolsa de Bichat é muito pequena.

Para segurança das duas partes, antes de determinar a real necessidade da cirurgia, ambos têm de considerar se o procedimento irá, de fato, beneficiar a paciente. Só é possível fazer isso em uma consulta presencial, mediante uma conversa franca entre médico e paciente.

Outro ponto importante de se esclarecer é que, ao contrário do que muitos pensam, a bichectomia não corrige o chamado “queixo duplo”. A correção desta condição pode ser realizada com lipoaspiração, ressecção aberta da gordura, cirurgia plástica da papada, ou, em casos mais severos, até mesmo com um lifting facial.

Homens também podem fazer bichectomia

A bichectomia tem resultados satisfatórios tanto em mulheres quanto em homens. Aqueles que estão incomodados com bochechas muito arredondadas, podem fazer a cirurgia e obter um rosto mais harmônico. O fundamental é que o cirurgião plástico, ao indicar a bichectomia para o homem, leve em consideração as diferenças entre o rosto masculino e o feminino.

Quando é indicado realizar a bichectomia?

Normalmente, a maioria das cirurgias realizadas no rosto podem ser feitas assim que houver o crescimento completo da face, o que ocorre na adolescência. Antes de agendar o procedimento, porém, o cirurgião plástico irá determinar se já é possível fazer a bichectomia no paciente.

Quando a pessoa é menor de idade, a operação ocorre somente com o consentimento por escrito dos seus responsáveis. Entretanto, a maioria das pacientes que se submetem à bichectomia possui entre 20 e 40 anos. Pessoas que estão fora do peso ideal também possuem restrições para realizar a cirurgia.

Quais mudanças ocorrem com a bichectomia?

Em se tratando de recuperação pós-cirúrgica, a da bichectomia é relativamente rápida. Mas isso pode variar de organismo para organismo. Os resultados definitivos podem ser visualizados a partir do terceiro mês posterior ao procedimento.

A paciente fica com o rosto relativamente inchado nos primeiros dias. Por isso, é recomendado realizar compressas geladas na região. Geralmente, quem se submete ao procedimento já pode voltar às suas atividades no dia seguinte ao da cirurgia.

Conheça alguns dos resultados alcançados:

  • redução do volume das bochechas;
  • valorização das “maçãs” do rosto;
  • melhora da definição e da harmonia dos contornos faciais;
  • aspecto de afinamento da face.

Possíveis riscos da bichectomia

Os riscos da bichectomia são, basicamente, aqueles que se associam a qualquer procedimento cirúrgico, como sangramento e infecções. Além disso, há aqueles que estão relacionados ao local onde o procedimento é realizado.

A região de acesso na cavidade oral fica próxima ao local que secreta a saliva para a boca e perto dos ramos bucais do nervo facial, responsáveis pela movimentação de parte da musculatura da boca. Quando realizada por um profissional sem domínio da técnica, podem ocorrer lesões nessas estruturas.

Outro ponto importante diz respeito aos cuidados relativos à proteção da via aérea, que é consideravelmente vulnerável aos líquidos ou fragmentos que podem vir a se deslocar na boca, particularmente em pacientes que estão sob efeito de anestésicos. Por esse motivo, é importante que o procedimento seja realizado por um profissional com experiência e em ambiente adequado.

O tempo da cirurgia depende da experiência do cirurgião, do tipo de anestesia a ser utilizada e das intercorrências durante o procedimento. Contudo, geralmente, a bichectomia costuma ser uma cirurgia rápida. A recuperação não costuma ser dolorosa, mas podem aparecer edemas que duram de dias a semanas, variando de caso a caso.

Em pacientes que ganham muito peso após a bichectomia, pode haver mudança no contorno facial devido ao acúmulo de gordura em outras regiões suscetíveis a alterações de volume, mas, dificilmente, por recidiva da porção retirada da Bola de Bichat.

A bichectomia é um procedimento irreversível que mexe com um local da face em que há várias glândulas, nervos e artérias. O profissional que for realizá-la tem de conhecer muito bem a anatomia da face para que não haja o risco de lesionar qualquer uma dessas estruturas importantes do rosto.

Muitos profissionais, que não são cirurgiões plásticos, realizam essa cirurgia, inclusive no próprio consultório, prática não recomendada. Mesmo aparentando ser simples, a bichectomia pode desencadear complicações e é preciso estar preparado para resolvê-las. O ideal e mais seguro é procurar um cirurgião plástico de sua confiança para realizar o procedimento.

Abraço,

Dr. Gustavo Morellato
Cirurgião Plástico
CRM/SC 16966 | RQE 11481

Material escrito por:
Cirurgião Plástico - CRM/SC 16966 | RQE 11481

Formado em medicina pela UFRGS, o Dr. Gustavo Morellato realizou sua especialização em cirurgia geral no Hospital de Clínicas de Porto Alegre e em cirurgia plástica pelo Hospital Universitário UFSC. É membro especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).  Ver Lattes

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