Por: Gustavo Morellato - Cirurgião Plástico - CRM/SC 16966 | RQE 11481
Publicado em 08/09/2018
O consórcio de cirurgia plástica é uma modalidade de crédito que tem ganhado popularidade. A prática é regulamentada por uma lei federal que autoriza consórcios a vender cartas de créditos para cirurgias plásticas, reparadoras ou estéticas. No entanto, é preciso atenção para ter certeza se essa é uma opção adequada para cada paciente.
Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), o Brasil é o segundo país do mundo que mais executa cirurgias plásticas, com aproximadamente 1,5 milhão de procedimentos por ano, perdendo apenas para os Estados Unidos.
Com o número de procedimentos aumentando cada vez mais, é importante estar atento às inúmeras propostas enganosas que acabam surgindo como uma falsa alternativa para quem deseja realizar uma cirurgia plástica. Financiamentos e consórcios surgem a fim de conquistar cada vez mais pacientes para realizar mais e mais cirurgias plásticas, desconsiderando propriedades éticas e morais da medicina.
Na grande maioria dos modelos, o mercado vende uma ideia sugestiva de que à medida que o indivíduo paga mensalmente um valor, em algum momento poderá ser sorteado e realizar a sua cirurgia plástica. No entanto, o consórcio de cirurgia plástica vem sendo cada vez mais desaconselhado, tanto por quem alega não ter tido acesso ao procedimento, quanto por empresas que exercem a prática sem a devida licença ou até mesmo a realizam sem nenhum limite.
Além disso, os cirurgiões que se enquadram nesse tipo de crédito parecem estar muito mais interessados no acúmulo financeiro do que na segurança do paciente e em um procedimento bem sucedido. Afinal, estamos falando de vidas e não de um produto, não é mesmo?
Embora as empresas sejam devidamente fiscalizadas pelo Banco Central, estando autorizadas a realizar esse tipo de consórcio, a maioria dos administradores da prática visam primeiramente as vantagens financeiras desse processo.
Assim, os profissionais que enquadram o ofício da medicina como uma mercadoria, estão atuando no mercado de maneira antiética, segundo os valores morais da profissão.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM), o consórcio de cirurgia plástica não é recomendado e nem considerado uma prática segura para quem escolhe esse tipo de crédito, por alguns motivos:
Como já vimos, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o consórcio de cirurgia plástica é um comportamento antiético e incompatível com o próprio exercício da medicina, já que consiste em uma prática responsável por beneficiar o profissional em detrimento das condições financeiras dos pacientes.
Além das condutas éticas profissionais, é importante lembrar que um procedimento cirúrgico exige uma série de critérios para que ofereça segurança ao paciente. Entretanto, na prática do consórcio de cirurgia plástica, alguns elementos importantes para a segurança do paciente podem ficar comprometidos, como:
Por isso, esteja atento à qualquer proposta tentadora e preços muito baixos na hora de recorrer à uma cirurgia plástica. Busque informações sobre o profissional que irá te atender, pois uma formação especializada exige conhecimento e dedicação que serão revertidos em benefícios no adequado procedimento cirúrgico.
Na maioria dos casos, a cirurgia plástica não exige urgência, o que significa que o paciente pode se preparar para a prática com maior segurança e com um médico de confiança. Consulte o site da Sociedade de Cirurgia Plástica e veja se o profissional escolhido é certificado pela SBCP.
Material escrito por: Gustavo Morellato
Cirurgião Plástico - CRM/SC 16966 | RQE 11481
Formado em medicina pela UFRGS, o Dr. Gustavo Morellato realizou sua especialização em cirurgia geral no Hospital de Clínicas de Porto Alegre e em cirurgia plástica pelo Hospital Universitário UFSC. É membro especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Ver Lattes