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Posso adquirir um consórcio de cirurgia plástica?

Posso adquirir um consórcio de cirurgia plástica?

Por: - Cirurgião Plástico - CRM/SC 16966 | RQE 11481
Publicado em 08/09/2018

O consórcio de cirurgia plástica é uma modalidade de crédito que tem ganhado popularidade. A prática é regulamentada por uma lei federal que autoriza consórcios a vender cartas de créditos para cirurgias plásticas, reparadoras ou estéticas. No entanto, é preciso atenção para ter certeza se essa é uma opção adequada para cada paciente.

Por quê o mercado de consórcio de cirurgia plástica vem crescendo tanto?

Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), o Brasil é o segundo país do mundo que mais executa cirurgias plásticas, com aproximadamente 1,5 milhão de procedimentos por ano, perdendo apenas para os Estados Unidos.

 

Com o número de procedimentos aumentando cada vez mais, é importante estar atento às inúmeras propostas enganosas que acabam surgindo como uma falsa alternativa para quem deseja realizar uma cirurgia plástica. Financiamentos e consórcios surgem a fim de conquistar cada vez mais pacientes para realizar mais e mais cirurgias plásticas, desconsiderando propriedades éticas e morais da medicina.

Como funciona o consórcio de cirurgia plástica?

Na grande maioria dos modelos, o mercado vende uma ideia sugestiva de que à medida que o indivíduo paga mensalmente um valor, em algum momento poderá ser sorteado e realizar a sua cirurgia plástica. No entanto, o consórcio de cirurgia plástica vem sendo cada vez mais desaconselhado, tanto por quem alega não ter tido acesso ao procedimento, quanto por empresas que exercem a prática sem a devida licença ou até mesmo a realizam sem nenhum limite.

 

Além disso, os cirurgiões que se enquadram nesse tipo de crédito parecem estar muito mais interessados no acúmulo financeiro do que na segurança do paciente e em um procedimento bem sucedido. Afinal, estamos falando de vidas e não de um produto, não é mesmo?

Por que o consórcio de cirurgia plástica pode ser perigoso?

Embora as empresas sejam devidamente fiscalizadas pelo Banco Central, estando autorizadas a realizar esse tipo de consórcio, a maioria dos administradores da prática visam primeiramente as vantagens financeiras desse processo.

 

Assim, os profissionais que enquadram o ofício da medicina como uma mercadoria, estão atuando no mercado de maneira antiética, segundo os valores morais da profissão.

 

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM), o consórcio de cirurgia plástica não é recomendado e nem considerado uma prática segura para quem escolhe esse tipo de crédito, por alguns motivos:

 

  • as instituições responsáveis pelo consórcio promovem planos financeiros para realizar cada vez mais números de cirurgias plásticas, sem se importar com a segurança e bem estar do paciente;
  • o Conselho Federal de Medicina proíbe a divulgação médica de preços dos procedimentos realizados, assim como parcelamentos de pagamento ou descontos, como maneira de estabelecer um diferencial pela qualidade dos respectivos serviços oferecidos. Dessa forma, a entidade também não aprova o oferecimento de serviços médicos por meio dos consórcios – segundo a Resolução N° 1.836/2008;
  • em muitos casos de consórcio de cirurgia plástica, o paciente só conhece o cirurgião apenas no momento do procedimento, uma questão de muita irresponsabilidade e que eleva as chances de complicação da cirurgia;
  • o preço de uma cirurgia plástica também inclui o pós-operatório seguro e uma margem de risco e custos para possíveis complicações que podem surgir durante a operação e o consórcio de cirurgia plástica cobre apenas o ato cirúrgico, deixando o paciente desamparado após o procedimento.

Itens importantes que o consórcio tende a negligenciar

Como já vimos, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o consórcio de cirurgia plástica é um comportamento antiético e incompatível com o próprio exercício da medicina, já que consiste em uma prática responsável por beneficiar o profissional em detrimento das condições financeiras dos pacientes.

 

Além das condutas éticas profissionais, é importante lembrar que um procedimento cirúrgico exige uma série de critérios para que ofereça segurança ao paciente. Entretanto, na prática do consórcio de cirurgia plástica, alguns elementos importantes para a segurança do paciente podem ficar comprometidos, como:

 

  • a relação médico-paciente;
  • os materiais utilizados;
  • as condições de estrutura;
  • a higiene do espaço;
  • a capacitação do profissional que irá realizar a cirurgia;
  • a equipe destinada àquele paciente e consequente procedimento que será realizado.

 

Por isso, esteja atento à qualquer proposta tentadora e preços muito baixos na hora de recorrer à uma cirurgia plástica. Busque informações sobre o profissional que irá te atender, pois uma formação especializada exige conhecimento e dedicação que serão revertidos em benefícios no adequado procedimento cirúrgico.

 

Na maioria dos casos, a cirurgia plástica não exige urgência, o que significa que o paciente pode se preparar para a prática com maior segurança e com um médico de confiança. Consulte o site da Sociedade de Cirurgia Plástica e veja se o profissional escolhido é certificado pela SBCP.

Material escrito por:
Cirurgião Plástico - CRM/SC 16966 | RQE 11481

Formado em medicina pela UFRGS, o Dr. Gustavo Morellato realizou sua especialização em cirurgia geral no Hospital de Clínicas de Porto Alegre e em cirurgia plástica pelo Hospital Universitário UFSC. É membro especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).  Ver Lattes

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